
Eram ares de céu azul
Vindos das cores de sol brilhante
O vento soprava espalhando o dia
Que lambia os descalços pés pequenos,
Vários deles, aos pares
Acordavam
Massageando a terra que os mantinham
E mantinham o dia
Que cabiam nos dias
De negros girinos no córrego de rio doce
E dos jogos salgados de bola
Das trilhas pelo mato
Ah! o verde cheiro de mato
Pés que cabiam em pinguelas
Pulavam cordas e medos
Subiam em pés de fruta
Colhiam frutas do pé
Ah, pequenos, onde foi que criastes raízes?
Onde estão os teus doces frutos?
E quando a noite chegava roubando-lhes a luz
Iluminavam-se de vagalumes e constelações
Numa grande roda marcavam o compasso de longas prosas
Diariamente, noturnas
Rodeada de um negro punhado de pares
Que levavam nos pés a história de um dia
De dias feitos de pequenas pegadas
Histórias desfeitas em sabão e água
Para dormirem...
Repouso sereno de pés pequenos
Que mesmo em miniaturas
Sustentavam uma vida tão grande
Mas de uma leveza autossustentável
Dormiam para um novo dia lamber-lhes
E avançarem mais um milímetro
Foi assim que as pegadas aumentaram
Tanto
Até sumirem...
Hoje, ao som de fusca e laralaiás de Walter Franco e "A vida é dura" com Demônios da Garoa e Benito di Paula
Infância,
ResponderExcluirSubir em pés de fruta, colher as frutas do pé, ir até o "olho" das árvores, seu ponto mais alto, armar gangorras improvisadas, dependurar-se...
Toda criança deveria ter, por direito, um quintal, onde pudesse andar descalça e "suja" de vida!
Gostei muito desse poema, Comps!
Beijo!
É Roque, sugestão mais do que pertinente ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
ResponderExcluirE para sustentarmos essas crianças "sujas" de vida em cada um de nós, vivamos aquele "viver intrépido"! rsrs
beijoo!